sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

a deus, velho ano

E parecia ser só mais um dia.
Um desses, quaisquer: um, dois, três, dez, doze, vinte, vinte e sete ou trinta e um.

Tanto faz.


_ Por que essas coisas todas?
_ Quais?
_ Ora você sabe, acho que todos sabem...
_ Hum...
_ Todo final de ano, bate essa coisa meio estranha, na garganta...
_ É...
_ Acho que é o tal do "adeus ano velho". Quem quer se despedir de tantas coisas que sempre nos acontecem?
_ Hum... isso é... Mas uma vez alguém me disse, e eu concordo plenamente, que o final do ano é como um domingo qualquer
_ Domingo..? Conte-me mais...
_ É, sabe a domingueira? Ela bate forte, sempre, querendo ou não.
_ Isso é...
_ Então, os últimos dias do ano são como nosso domingo pro ano inteiro
_ Faz muito sentido...
_ A gente pára pra pensar, avaliar, nortear tudo o que nos aconteceu. Mesmo que inconscientemente. Pra meio que ter aquela sensação de segurança, que é de mentirinha, na verdade...
_ É... Mas o que eu não entendo é que são apenas dias normais, como todos os outros...
_ E quanto ao domingo?
_ O que têm?
_ Era pra ser um dia normal, como todos os outros...
_ ... é, isso é...
_ Pois então... (e surge um sorriso)
_ ... (e dois)
_ E outra coisa... sobre essa história de "adeus ano velho"... eu particularmente sou da crença de que nenhum adeus é necessário. Tudo o que vivemos, passamos, fica guardado, tá intrinsicado dentro de nós
_ ...
_ E se tudo o que vivemos somos nós hoje, não temos como dizer adeus pra algo que nunca, jamais irá embora, porque agora, é o que nós somos...
_ é... isso é...
_ não é?
_ é...
_ ...
_ ...
_ ...
_ ...obrigado
( e mais um sorriso)
(e dois)

E era sim mais um dia comum, desses que não se diz adeus.

(Mas que se diz sim a deus, e sem cunho nenhum religioso.
Se diz a deus, como se fosse pra deixar as coisas seguirem seu rumo. Pra deixar explícito de que nada vai embora, tudo fica por aí, a deus)

São dessas coisas que nós não controlamos, e nós bem sabemos, que são todas elas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

doces memórias

e eu só vejo as doces lembranças
dessas de chocolate
de risadas
de sorvetes
de sorrisos
de doce de leite
de abraços
de algodão
de mãos dadas
de mel
de ombros amigos
de quem sempre me ajudou
a pensar, a falar, a criar
a andar
de jujubas
de goiabadas
de bolos
de laranjas
de brigadeiros
de beijinhos
de bananadas
de caramelos
de paçocas
de suspiros
de respiros
de tudo isso junto
de muito
de tudo disso


as memórias são mais doces que qualquer açúcar
e são desses doces que ficam guardadinhos
numa caixinha, bem cuidada
todinha feitinha a mão

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

amor sincero
carne moída
que mói e corrói
tudo quié vida

amor valente
não teme, não mente
não pede perdão

carne valente
que tenta e não assenta
nenhum coração

carne sincera
amor moído
que rói e destrói
não importa se dói
faz tudo quietinho

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

verdadeiras miragens



naquele dia o rapaz estava completamente estarrecido


- o que foi meu filho?
- foi nada não, mãe...
- filho..? você não me engana, vamos, diga... o que foi?
- ...
- ...
- ah... sabe aquelas coisas que parecem impossíveis?
- tipo o quê?
- bem...
- ...
- vamos, diga!
- olha... acabei de ver um pinguim voando foi isso..
- o que?! pinguim? aqui? voando? enlouqueceu?
- é... voando, logo ali
- meu filho, pinguins não voam e... por favor! pinguins nesse calor?! aqui?!
- ... mas eu vi
- mas isso é impossível.
- foi o que eu disse, mas não é mais impossível, só parece ser, porque agora eu vi
- ...não estou te entendendo, isso me soa um tanto quanto surre...
- olha, eu sei o que vi, um pinguim voando, foi isso o que vi.
- então está bem, só me faltava essa... olha, pinguins por aqui já não fazem nenhum sentido, mas até dá pra pensar em acreditar... agora voando? não!
- ... ... ... ... é pode ser
- ...
- ...













só que mal sabe ela que os pinguins podem sim voar, basta apenas alguns balões segurar.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Eu tento manter meus pés no chão. Mas não é sempre que consigo. Depois que um escapou, pro outro subir junto não é preciso quase nada. Acho que só um soprinho já é o bastante. E com os pés no ar, tudo é muito leve, tudo é muito fluído, as coisas acontecem sem você precisar se esforçar... Quase não tem atrito, quase que podemos ir e ir pra sempre, sem nunca parar... Mas é só quase.



A aspereza de nós dois.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

pra quem ri

Caiu lá atrás um copo
Ele quicou, quedou, não quebrou
Tornou a quicar

É copo meio cheio
Mas meio vazio também
Copo que se encheu

De todo o vazio que têm

Enfim
Isso é tudo pra quem ri

com arroxo no peito
do sujeito maroto
do sorriso sem jeito

E isso tudo
é pra quem ri
do sujeito sem jeito
com sorriso do arroxo
maroto, sem roxo no peito

É pra quem ri de qualquer jeito